a deusa CELES, o universo

ni.ver.so — conjunto de partes reunidas harmoniosamente num todo. Cada deslize, cada sorriso, cada lágrima que se transforma em uma peça no quebra-cabeça, até mesmo uma poeira ou cisco em seu olho. Aquele papel que você deixou cair na rua e te permitiu conhecer a pessoa mais maravilhosa de todas, aquele perfume especial, seu primeiro beijo... Quantas coisas fazem você ser o que é? Todos são um universo único com suas próprias experiências pessoais, seus gostos, seus gestos e até mesmo aquela marca que te faz especial.
Bilhões de anos atrás, o universo era um simples manto negro, frio e sem luz, ao contrário do ventre da mãe que parece ser um lugar tão acolhedor, quente e a razão do termo dar à luz. Um pulsar semelhante à batida do coração foi como um grito de desespero em nome da solidão. A luz já não estava mais ausente e o universo se expandiu com grande rapidez. O pulsar foi um chamado, um grito de guerra que se explodiu em luz e fez com que suas novas filhas brilhassem também. Elas cintilavam em sua nova casa, iluminando as outras como um efeito dominó. O magnetismo uniu e criou formações rochosas que seriam, bilhões de anos mais tarde, chamados de planetas, satélites naturais e outros. Uma faísca de uma estrela deu origem a uma grande esfera de fogo, cujo nome desta é Alegoria, o sol de um dos sistemas solares que é o centro de tudo. Uma pequena esfera escura que rodeava outro amontoado de rochas como se aquilo fosse seu território, sua propriedade, também recebeu um nome conforme a comunicação se desenvolvia: Wolfgang, que viria ser associado à Lua e às sombras.
Da harmonia surgiu o caos. Apesar desse grito de vida, o universo ainda estava em estado meio-adormecido. Sentiu o pesar de algumas estrelas, suas filhas, deixando de brilhar e se tornando parte do manto negro e vazio novamente. O peito de Celes se comprimiu em dor, expulsando rochas que, como consequência, atingiam a superfície de outros planetas, e houve um rasgo no manto. Um rasgo que absorvia toda a luz e não a deixava sair, distorcia tudo o que tínhamos conhecimento. O tempo e o espaço também sofriam essa consequência dentro desta fenda e todo esse pesar sentimental fez Celes adormecer profundamente.
Se pudesse descrever as linhas do tempo, a deusa diria que são como fios entrelaçados, marionetes ou até mesmo uma cama de gato. Em sua mente, há sempre uma sala com fios como caminhos a serem percorridos, cada um para uma pessoa diferente. Afinal, ela é o universo, conhecedora de todo o tempo e espaço. Se tudo aquilo desmoronasse, o caos se instalaria, ele acordaria dentro de si e por isso precisa ser contido. A deusa Celes é uma deusa adormecida para o bem de toda a vida presente nessa vasta imensidão.